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Com restrio cerveja no interior do estdio, residncias se tornaram pontos de venda |
No asfalto e nas caladas, santinhos e estandartes de candidatos oportunistas ajudam a emporcalhar o espao, j tomado por milhares de copos de plstico e papel. A falta de educao assombra. Os lates de lixo alaranjados neste domingo em que Atltico e Vasco se enfrentaram no so suficientes para tanta sujeira. De mo em mo, a propaganda poltica nem chega a esquentar os dedos de quem a recebe. O cidado recebe o panfleto, caminha meia dzia de metros e dispensa o papel no cho. O outro recebe num o e dispensa no seguinte, sem ao menos ler o escrito. E a coisa se acumula. No final do dia de fazer doer o jeito inconsolvel do morador da Rua Pitangui. Inconformado, desabafa: “O sujeito vem aqui, suja a porta da minha casa e quer que eu vote nele? Ainda tem o coc dos cavalos da polcia. Olha l”, aponta o cenrio incmodo a metros do porto de esquina.
Do outro lado da via, o contraste: famlia animada comanda o churrasco pelo Dia dos Pais. “Venham pra c porque a casa de vocs”, oferta o moo mineiro, torcedor do Cruzeiro, vestido com a camisa do Vasco. Gustavo Csar de Carvalho Marques, de 31, curte a famlia e aproveita o domingo para festejar o pai, Carlos Alberto, de 62. O gerente comercial, dono do imvel com vista privilegiada para a Rua Pitangui fez o quintal de sacada para os colegas e amigos nos dias de jogo. V o movimento na regio com alegria e diz gostar muito da “farra respeitosa” em torno do Independncia. “Vejo muita gente insatisfeita nos dias de jogo, mas at o povo que est insatisfeito est dando um jeitinho de tirar proveito, vendendo feijo tropeiro e cerveja”, ressalta.
Gustavo, pai e marido de atleticanas, demonstra grande satisfao em receber visita para a tarde festiva pelo jogo do Galo. Para ele, o que vale o prazer das amizades. “Na minha casa, o porto fica aberto”, sorri. Carlos Alberto, orgulhoso do filho de educao e boa esportiva, abraa a famlia e comanda a sacada. “ uma festa. A charanga para aqui, na esquina. um mar de gente nos dias de jogos”, empolga-se. Com a carne na brasa, de cheiro bom, as moas dali se preparam para descer as escadas, caminhar meio quarteiro e entrar no estdio. Do dono da casa, uma s reclamao: “Para cada jogo, so trs dias de evento. O que menos incomoda o evento, quase sempre uma festa. Pior o antes e o depois. A armao das placas, dos cones, a mudana no trnsito e a sujeira que fica”.
COM AS BNOSAngela Maria de Jesus, de 59, e Jade Lorena, de 18, despertam a ateno lateral do Independncia. Angela gosta da movimentao dos ltimos tempos e nada reclama. Jade, porm, no gosta do barulho. “Incomoda um pouco, especialmente por causa dos meus filhos pequenos”, diz. No trreo do prdio de cor verde clara, com trs andares, Me Marlene do Gantois, de 72, av da garota, prev o alvinegro campeo brasileiro de 2012. “Neste ano, h uma luz muito forte em cima do Atltico Mineiro”.