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A poluio um dos maiores reflexos das partidas realizadas no Gigante do Horto |
Uma comunidade dividida. No em cores, pela paixo que faz retumbar a alma ao redor das quatro linhas, mas pela multido de torcedores visitantes nos dias de culto bola. O Estdio Raimundo Sampaio, o Independncia, alegria das naes de Atltico, Cruzeiro e Amrica, vem provocando sensaes e efeitos opostos: de um lado, tirando o sossego de muita gente e, do outro, fazendo a festa de quem encontrou nas datas de jogos uma excelente oportunidade para faturar. Enquanto h quem se revolte com os impedimentos impostos aos moradores em tardes e noites de futebol, existem os que ganham vendendo bebidas, comidas, bandeiras, camisas, alm de aluguel com estacionamento e taxa para uso de banheiro. Fato que os bairros Horto e Sagrada Famlia, na Regio Leste de Belo Horizonte, no so os mesmos desde que a arena foi reinaugurada, em 25 de abril. Nada contra os times de Minas. A bronca outra. Parte com o despreparo de agentes pblicos no controle do trnsito e um tanto com a falta de educao de um segmento da torcida, responsvel por sujeira e depredaes.
“Estamos vivendo um toque de recolher. Onde est o meu direito de ir e vir">Morador cobra livre circulao
Atleticana apaixonada, feliz da vida com o time nas grimpas, lder isolado do Campeonato Brasileiro, ela no poupa os torcedores que andam fazendo de banheiro o porto da residncia onde mora. Revoltada, aponta para os cantos do muro, alvos dos porcalhes. A me, a dona de casa Cenira Moreira, de 63, emenda em desabafo: “Estou na porta do inferno, meu filho”. A cena, assim como os pedidos de ajuda, se repete pelo quadrante do Independncia.
No domingo, o Estado de Minas acompanhou as horas que antecederam a partida entre Atltico e Vasco. Das 12h s 20h, em evidncia, o drama e a euforia contagiantes que pem a regio pelo avesso. Em campo, embalado, o Galo levou a melhor e abriu folga no topo, para a felicidade dos quase 20 mil presentes. No entorno, dezenas de “sem-ingresso” se ajeitam nos botequins improvisados para no perder o duelo. As garagens se convertem em pontos de venda. Nas sacadas, a vizinhana faz escolhas distintas: alguns lacram as janelas em busca de paz – na medida do possvel. Mas h os que comandem churrasco em famlia e renam as amizades para celebrar o movimento. , literalmente, a festa se opondo ao tormento. Ou o tormento festa, dependendo de quem contar a histria.